PENSE

OS PASSOS DO ARREPENDIMENTO – Estudo No Salmo 51
Por Marcio Gonçalves

“Tem misericórdia de mim, ó Deus, por teu amor;  por tua grande compaixão apaga as minhas transgressões.” (v.1).

O Pedido Da Misericórdia É Baseado No Amor De Deus E Não Em Algum Direito De Perdão. (V.1)
O Clamor Pelo Perdão que alcança misericódia Nunca Vem De Um Inocente. Mas Somente De Um Culpado.
Só Recebe Perdão Quem Clama. Só Clama Quem Se Vê Culpado.
Invocar não é exigir. é clamar!

Preste atenção nesta oração de Davi. Com base em quê ele pede misericórdia?
Com natural frequência nossa mente pensa que quem peca tem direito do perdão. Mas a bíblia ensina o contrário. Quem pecou tem direito, mas da condenação.  Pois quando se fala em direito, está se falando em justiça. E perdão não é justiça e sim graça e misericórdia, que é a aplicação da justiça de Deus por meio de Cristo.
O perdão não é declaração de inocência. O inocente não precisa de perdão e sim o culpado. O inocente precisa de justiça. Se alguém é acusado de algum crime terá duas alternativas positivas: Se for inocente receber justiça. Se for culpado receber perdão. Inocentes não precisam de perdão e sim de justiça.
Assim também não pode receber perdão aquele que se vê inocente, mas somente aquele que sabe ser culpado. O inocente nunca clamará por perdão e sim por justiça. Isso é muito sério, pois a palavra do Senhor diz: “Aquele que invocar o nome do Senhor Jesus será salvo” (At.2.21; Rm.10.13).
Invocar o nome de Jesus é recorrer a Ele para receber o escape da condenação. Mas como invocaram o Nome de Jesus aqueles que se acham inocentes? De fato, nunca houve um tempo em que suas almas invocaram este nome que salva e por isso mesmo nunca ainda alcançaram salvação.
Não há salvação para aquele que não invocar, pois este não se acha culpado sob condenação. O clamor desesperado que leva um pecador aos pés da cruz é aquele que vem de uma alma convicta do seu pecado, da sua culpa e da sua justa condenação. Inocentes rejeitam perdão. Eles querem justiça. 
É isso que Jesus ensina nos evangelhos quando que não veio para os sãos, mas para os doentes (Mc.2.17). Ele estava ensinando que os que são sãos não estão em posição – por seu próprio coração endurecido – de Receber perdão.

O Perigo em Fazer Orações Com Base No Direito.
Qualquer oração, petição ou clamor que existe, deve ser feito com base na graça. Mostre-me uma oração feita no Novo testamento com base no direito? Não há. Nós inventamos isso. As respostas das orações dadas por Deus tem como fim ultimo a glória máxima Dele e não nossos desejos.
Alguns alegam que temos direito por que Cristo conquistou este direito. Isso me parece mais uma tentativa de impor Deus na parede para nos dá o que queremos. Como se O Pai fosse o Ser iracundo e o Filho o padroeiro bondoso. É preciso dizer que os direitos não são nossos, mas de Cristo. E a transferência a nós deste direito não é com base no direito e sim na graça.
Orações com base no direito retrata a cena da seguinte forma:
Deus. Eu acho que você não quer me dar. Mas lembre-se de que Cristo conquistou estas coisas para mim. Então eu tenho direito de receber.
Esta postura interior, mesmo não se exteriorizando desta forma arrogante, coloca O Pai e O Filho em conflito um com o outro, como se suas vontades não fossem perfeitamente harmônicas e santas.
Resumindo. Ao orarmos, não importa qual seja a causa, não devemos pedir justiça e sim misericórdia. Deus não está sob a obrigação de nos atender porque Cristo conquistou a herança na cruz, pois as ações de Deus, bem como todo plano da salvação em acordo com o Filho, visam Sua Glória máxima e não nossos caprichos.
A oração tem como papel principal nutrir nosso relacionamento íntimo com Deus. Mas fica claro como este tipo de oração com base no direito não trabalha relacionamento. Apenas contrato.
Será que a demora da resposta a nossas orações não vem de que elas estão carregadas de soberba e orgulho carnal?
Se este for o caso, quero pedir ao Espírito Santo que purifique as nossas orações e as lave nas águas a humildade e da contrição. Não poucas vezes as Escrituras nos mostram a demora da resposta para que através da contrição como fruto da perseverança a resposta enfim chegue.
Mas será que este é o Deus bíblico? Que espera seus filhos se colocarem em um estado de miséria interior para que então possa atendê-los em suas necessidades?
Bom. Embora esta indagação emocional seja fruto do antropocentrismo, precisamos respeitar angustias sincera e não esnobar delas. Mas o respeito e até a empatia pela dor não significa que concordamos com a premissa colocada. Esta indagação vem por que olhamos a humilhação e contrição diante de Deus como negativa e indigna a nós humanos. Mas não é isso que as Escrituras mostram. Antes ela nos ensina que o melhor lugar e a melhor situação em que podemos estar é humilhados aos pés do Senhor. Pois é lá que encontramos descanso, cuidado e alegria real.
Tiago deu esta aula. Ele nos diz que isso é uma “graça maior” (Tg.4.6) Os orgulhosos só recebem oposição de Deus. Mas os humildes, graça. Tiago está nos dizendo como devemos nos aproximar de Deus. Não soberbamente, mas sempre humildemente, pois só assim o encontramos (v.8).  É no coração humilde que Deus habita, mas ao soberbo ele rejeita.

Continua...

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